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Wanderluster entrevista Mochileiro Aprendiz Aventureiro

Enviado: 19 Jul 2015, 00:06
por Mochileiro
Mochileiro viajou o mundo por dois anos, escreveu um livro e hoje dá palestras sobre o tema

[align=justify]Tirar um ano sabático viajando pelo mundo é um sonho para muitos. Escrever um livro sobre as aventuras, um desejo. Vicente Zancan Frantz já fez as duas coisas em 2003, quando tinha apenas 20 anos. Foram 15 países em quase dois anos de estrada. Sua experiência está reunida no livro “Mochileiro Aprendiz Aventureiro“, lançado em 2006 e com uma reedição em 2012. Se já ficou surpreso até aqui, ainda tem mais: ele transformou a experiência em algo profissional. Além do livro, ele dá palestras sobre o tema. O gaúcho de Ijuí conta um pouco sobre o que viveu para o Wanderluster:

A ideia do livro surgiu antes, durante ou depois da viagem?

Sempre sonhei viajar e escrever. Assim que coloquei a mochila nas costas e saí de casa, decidi que faria anotações e, caso estas ficassem interessantes para as demais pessoas, posteriormente eu as publicaria em um livro. Durante a viagem, postei esses rabiscos em um blog e o interesse geral foi bem maior do que aquele que eu imaginava que ocorreria. Diante disso, logo depois da aventura ocorreu a publicação de “Mochileiro Aprendiz Aventureiro”. Das mais de 1 mil páginas anotadas, 150 foram usadas para a primeira edição. Mas o livro acabou sendo reescrito, melhorado, e ganhando novas versões. A intenção é registrar esse tipo de experiência mochileira, informando a todos e também homenageando os aventureiros.

Como planejou a viagem?

Eu viajei quando estava no meio do curso da faculdade de Direito, mas a viagem foi planejada desde o Ensino Médio, especialmente quando estudava inglês e lia sobre os países, a fim de definir o que era do meu interesse. Escolhi ficar mais tempo em Londres, pois lá melhoraria o meu Inglês, conheceria dezenas de culturas em uma só cidade, trabalharia e ganharia em libras, moeda forte que torna as viagens acessíveis e baratas.

E pensou em quanto tempo ficaria viajando?

Ao colocar os pés e a cabeça na estrada, não fixei tempo para voltar, mas sim um número de lugares que eu queria conhecer. Assim que eu juntava dinheiro na capital inglesa, pedia folga ou demissão e “mochilava”. A aventura contada no livro acabou durando uns dois anos.

Quais países conheceu?

Eu prefiro não falar em países, pois alguns dias ou semanas em algum lugar são insuficientes para se conhecer “um país”. Prova disso é que somos brasileiros e muitos de nós ainda não conhecem grande parte do país. Mas posso dizer que mochilei por Inglaterra, Escócia, Irlanda, Portugal, Espanha, Itália, Vaticano, Alemanha, Suíça, República Tcheca, França, Holanda, Cuba, Jamaica, Argentina, entre outros.

Como lidava com a saudade de casa?

A saudade de casa talvez seja uma das maiores dificuldades a serem vencidas por quem viaja durante meses ou anos seguidos. Eu telefonava e me comunicava por emails. De qualquer forma, a saudade é um sentimento de “falta” e o que eu mais sentia era a falta de viagens para lugares variados, convicto de que o mundo é nosso e temos que conhecê-lo.

Qual era o seu nível de inglês quando deixou o Brasil?

Antes de partir, eu havia frequentado aulas de inglês durante cinco anos. Então, não foi problema me comunicar sobre coisas essenciais. Mesmo assim, tive dificuldade para compreender o inglês britânico, já que havia estudado o inglês estadunidense. Levei uns três meses para raciocinar e sonhar automaticamente em inglês.

Foi difícil conseguir empregos no exterior?

A maioria das pessoas viaja apenas para conhecer pontos turísticos. Mas um mochileiro completo busca crescimento pessoal, profissional e existencial. Uma das coisas que presenciei é o preconceito, a exemplo da dificuldade de conquistar vagas de trabalho, por mais simples que elas sejam, seja pelo visual, pelo sotaque, pela origem. As oportunidades de emprego variam conforme a cidade, o período do ano, a situação da economia local, as indicações e a sorte. Eu passei por mais de vinte locais de trabalho. Demorei oito meses para conquistar algo que me satisfizesse, como atendente no Melbourne House Hotel.

O que esta experiência lhe agregou pessoal e profissionalmente?

Como pessoa, o principal legado foi a satisfação pessoal e felicidade. Confirmei, por experiência própria, várias coisas que sabia apenas por ler e ouvir. Passei a acreditar que viajar é a forma mais eficaz para melhorar o mundo e a própria vida, pois o viajante, ao se deparar com as diferenças, compara, enxerga, compreende os melhores caminhos. Passa a conseguir ler a vida e o mundo. Alcança uma qualificação pessoal e existencial não proporcionada por outros meios, mesmo dentre os mais eficazes. Pessoalmente, ainda, acentuei a minha vontade de construir um mundo melhor e passei a tomar atitudes dentro do que me é possível: escrevi um livro, montei grupos, páginas e comunidades em redes sociais, dou palestras, faço o máximo esforço para conquistar uma posição profissional que me possibilite ser um agente de transformação social.

Uma vez mochileiro, sempre mochileiro?

Como escrevi em meu livro, estou propondo um novo conceito de “mochileiro”, mais completo do que simplesmente ser um turista com uma mochila nas costas. Eu “mochilarei” eternamente e aguardo a próxima oportunidade chegar, seja para aonde for. Creio que um ser humano encontra felicidade e o sentido da própria existência quando “mochila”, pois passa a conhecer melhor o mundo, a vida, os outros e a si próprio.[/align]


Fonte: http://www.wanderluster.com.br/mochilei ... re-o-tema/